sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Bossa Nova completa 50 anos

A bela vista do mar carioca, no apartamento dos pais de Nara Leão, na avenida Atlântica, foi o cenário inicial dos encontros de uma geração que deu início no que mais tarde seria conhecida como Bossa Nova.

Tom Jobim, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Nara Leão foram os primeiros a criar as primeiras batidas da Bossa Nova. Entretanto João Gilberto foi o responsável em incrementar a sua batida bossa-novista no grupo de Menescal. No apartamento de Jairo Leão, pai de Nara, foram geradas mais de 50 músicas. Muitas pessoas participaram dessas reuniões, nomes como, Sylvinha Telles, Lúcio Alves e Newton Mendonça.

História da Bossa Nova: o 78 rotações "Chega de Saudade",
de João Gilberto, chegou ao mercado há 50 anos.

A patota de Nara ingressou na sociedade carioca e a bossa começava a ganhar dimensão nos bailes e eventos da elite. No entanto, muitos eram céticos diante daquela mocidade da zona sul do Rio. Contudo o fotógrafo da gravadora Odeon, Chico Pereira, arranjou um encontro com o chefe de departamento da gravadora, André Midani que buscava algo novo para conquistar o mercado jovem. Neste mesmo encontro, Midani encantado com a contemporaneidade do estilo apresentado, partiu de lá com um rascunho de contrato firmado por todos eles.

Há 50 anos, no mês de agosto chegava às lojas o 78 rotações "Chega de Saudade", de João Gilberto. Apesar de ter sido o álbum precursor da Bossa Nova, João Gilberto gravou a mesma música meses antes no disco de Elizete Cardoso. "Com a mesma batida de violão, mas ela ainda cantava no estilo antigo. Na gravação do João tem a batida e o estilo de cantar da Bossa Nova", esclareceu o locutor do programa "Jardim Elétrico", da Rádio UEL, Nilson Fakir. O disco vendeu cerca de meio milhão de cópias no Brasil, marca jamais esperada pela Odeon naquela época.

O surgimento do nome Bossa Nova é um mistério até hoje. Não se sabe ao certo quem definiu este nome. No primeiro semestre de 1958, a turma da zona sul se apresentou no auditório do Grupo Universitário Hebraico, a convite do editor de um tablóide da "Última Hora". "No quadro negro, alguém escreveu: hoje, show com uns rapazes Bossa Nova, ou algo assim", disse Fakir.

Influência

De certa forma, a Bossa Nova influenciou vários músicos e também interferiu em gêneros musicais. "A Bossa Nova foi também o estopim do Tropicalismo. Foi ela que abriu na cabeça de Caetano e do Gil o espaço para um novo território da cultura brasileira, uma nova reflexão musical. A Bossa Nova já é Tropicalista. No sentido que é antropofágica, sincrética, universal", disse o produtor de bandas como Mutantes e Novos Baianos, Cláudio Prado, em entrevista por e-mail.

A Bossa Nova como disse Prado foi o estopim do tropicalismo. Ele defendeu que da Bahia de Gil e Caetano, que inspirados pela Bossa Nova e fascinados pela tecnologia dos paulistas Mutantes, fazem a Tropicália, digerindo Beatles e Jimmy Hendrix. "Mas isso é uma outra história", afirmou Prado.

A interferência da bossa atingiu o exterior. Muitos cantores ficaram íntimos do estilo. O ritmo musical influenciou muitos cantores de gêneros distintos. Um exemplo é o rei do rock, Elvis Presley. Em um de seus filmes ele canta a música Bossa Nova Baby. Nesta época nos Estados Unidos a bossa estava em grande expansão e a cantora Eydie Gormé também se rendeu ao encanto e gravou uma música.

A letra contava a história de uma garota do qual graças à bossa apaixonou-se pelo seu noivo. Outros nomes como Quincy Jones, George Benson, Frank Zappa e por mais raro que soe os ''bad boys'' do quarteto Ramones foram aderidos ao movimento com o lançamento este ano do cd Bossa N' Ramones. Outros cantores também tiveram suas músicas remixadas com a levada brasileira, Bob Marley, Rolling Stones e Guns N'Roses.

Meio século depois do surgimento deste gênero musical, as comemorações do cinqüentenário da Bossa Nova movimentam todo o país, principalmente, nas capitais de São Paulo e Rio até o fim do ano, com apresentações de Carlos Lyra, Alaíde Costa, Os Cariocas entre outras.

Londrina também participou das comemorações em homenagem ao saudoso Dorival Caymmi. Espelhada na festa paulistana a cidade teve pela primeira vez a sua virada cultural, em homenagem aos 15 anos de atividades da Fundação Cultura Artística de Londrina (Funcart). A banda "Samba Sim", homenageou o compositor baiano com o show "Saudades da Bahia".



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